Compreendendo a minha pele
A Dermatite atópica é uma doença inflamatória, com prurido e crónica recorrente com distribuição e morfologia típicas.
Estar consciente dos fatores envolvidos na patogénese é um importante primeiro passo na prevenção primária da doença.
A condição é a consequência da ação ou co-ação de vários fatores, sendo o mais importante a predisposição genética e os fatores imunológicos.
No que diz respeito à predisposição genética, em 60-80% dos casos há um historial familiar de dermatite atópica.
A presença de uma componente genética é apoiada por estudos que mostram que o risco de uma criança desenvolver dermatite atópica é aumentado se um ou ambos os pais tiverem a condição. Além disso, o risco de desenvolver a doença se um ou ambos os pais tiverem asma ou rinite alérgica é maior do que na população em geral.
Em doentes com dermatite atópica, uma vasta gama de anomalias imunológicas e não imunológicas foram reportadas tanto ao nível da pele como no soro. Do período pré-natal, especialmente durante o último trimestre da gravidez, o feto é protegido contra fatores externos pelo sistema imunitário da mãe e os péptidos e proteínas antimicrobianas no líquido amniótico; o feto sintetiza proteínas antimicrobianas na epiderme. Após o nascimento, realiza-se a primeira colonização do recém-nascido com bactérias da flora da mãe e, no período pós-natal imediato, a amamentação ajuda a formar o microbioma intestinal com um papel antimicrobiano e estimulante no desenvolvimento do sistema imunitário no intestino. Qualquer perturbação deste microbioma pode causar invasão de agentes patogénicos a este nível.
A prevalência de distúrbios alérgicos aumentou nas últimas décadas. A causa deste rápido aumento não pode ser explicada por mudanças na genética populacional, razão pela qual os fatores ambientais são considerados uma possível explicação.
No Japão, na Austrália e em alguns países europeus, o número de doentes atópicos duplicou ou triplicou nos últimos 10 a 20 anos. Algumas causas incluem:
Poluição atmosférica, principalmente proveniente do tráfego rodoviário intenso;
Aumento dos padrões de higiene, assim como o aumento da agressão à pele com detergentes e sabonetes. Banho excessivo de bebés, uso de cosméticos inadequados com ingredientes agressivos. A higiene excessiva pode ser responsável, entre outras coisas, pela ausência de colonização fisiológica intestinal com enterococcus e bifidobactérias, que estimulam os linfócitos e induzem tolerância imunológica através de antigénios e endotoxinas segregadas. Alguns autores afirmam que a suplementação bifidobacteriana prematura pode prevenir a dermatite atópica naqueles que estão geneticamente predispostos, e pode reduzir a gravidade da doença naqueles com manifestações clínicas;
Acumulação crescente de alergénios em casa através de alterações na habitação (presença de ácaros, gatos, cães);
Tabagismo entre as mães jovens, que está em ascensão;
Aditivos nutricionais químicos;
Alteração do comportamento alimentar introduzindo novos alimentos (especialmente frutas exóticas, amendoins, etc.). A diversificação precoce da dieta parece aumentar a frequência da dermatite atópica;
Menor exposição a agentes infeciosos (vírus do sarampo, vírus da hepatite A, helicobacter pylori, toxoplasma gondii, lactobacillus ruminus,etc.).
Infeções respiratórias e erupção dentária podem desencadear dermatite atópica em bebés e crianças pequenas.
Para todas as idades, estímulos suscetíveis a causar a hipersecreção do suor (excitação, calor, exercício, oclusão com roupa ou pomadas) podem levar a comichão violenta e um nova exacerbação da dermatite atópica. O contacto com lã e solventes de lípidos agrava a dermatite atópica. Às vezes, a menstruação e a gravidez têm um efeito desfavorável. Embora alguns alergénios alimentares possam desencadear ou exacerbar a dermatite atópica, uma dieta excessivamente restritiva pode afetar a altura e o desenvolvimento do peso em crianças.
